Vou te mandar uma carta, mas nela não vai ter nada escrito, talvez um ‘eu te amo’ num canto qualquer. Nessa carta vou colocar o meu perfume, quero que você tenha todas as sensações possíveis ao sentí-lo. Que deixe a sua imaginação te mostrar o que ele quer dizer. Vou passar um batom e beijar a carta, deixar que você ao olhar o formato da minha boca no papel imagine como seria ver sair palavras dela, sair sorrisos, imagine a sua boca ali também. Vou pintar os dedos e deixar minhas digitais, pra que você pense em como seria grudar as suas nas minhas, feito velcro. Vou desenhar um coração, do lado do ‘eu te amo’, um coração pequeno, mas com a descrição embaixo de que ele é todo seu. Vou enviar, o correio vai ser o vento, ele sempre sabe pra onde levar esse tipo de coisa. Quando receber, apenas sorria, esse sorriso lindo que você tem, apenas sorria e tenha a certeza que eu também vou sorrir. Guarde-a debaixo de sete chaves, quando a gente se ver quero que me mostre, e me conte todas as palavras que tinha escrito nela, tudo que você conseguiu ver.

Poderiamos casar , teríamos um apartamento, tomaríamos café as cinco da tarde, discordaríamos quanto a cor das cortinas, não arrumaríamos a cama diariamente, a geladeira seria repleta de congelados e coca-cola, o armário, de porcarias, adiaríamos o despertador umas trinta vezes, sentaríamos na sala de pijama e pantufas, sairíamos pra jantar em dia de chuva e chegariamos encharcados, nos beijaríamos no meio de alguma frase, você pegaria no sono com a mão no meu cabelo e eu, escutando sua respiração. Eu riria sem motivo e você perguntaria porque, eu não responderia, saberíamos.


... esse eterno amanhecer por dentro, um sol interno tão aceso, essa alegria gratuita. E existe algo em nós que é tão recíproco, cúmplice e intenso. Dos nossos olhares que dizem tanto sobre tudo, silenciosamente. Um movimento de corpo que é tão ao encontro o tempo todo. Da compreensão e paciência a que nos dedicamos diariamente. E o amor que permeia tanta poesia, e a poesia que se entrega inteira pras palavras que querem dizer do abraço. Seu corpo tão moldado ao meu, natureza líquida de água e jarro. Você me conduzindo à fonte de todas as coisas, lá onde o desejo se origina. E nada míngua com o passar do tempo e mesmo acreditando não ter mais espaço, cresce, flui, se imensa clareando o que era escuro e frio.Cada vez mais e mais eu preciso dizer do amor. Dessa ternura delicada. Cada vez mais o amor sendo a melhor experiência. Cada vez mais eu percebendo que se nada no mundo é definitivo, nossa história eu sei perene. Uma primavera inaugurada a cada dia. E mesmo que nada possa ser eterno, mesmo que o “pra sempre” não exista, eu sei que vou seguir te amando, pelo menos, pelos próximos 99 invernos.
Marta de Queiroz

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